terça-feira, 7 de setembro de 2021

Maracujás



 

Como é bom ter uma parreira de maracujá! Com meu pai aprendi gostar da natureza, aprendi plantar rosas, flores de maio, mandioca e principalmente montar e cuidar da parreira de maracujá no quintal.

Nossa primeira parreira foi plantada em família. O maracujá cresce rápido, em pouco tempo apareceu a primeira flor. Enquanto a parreira crescia apareciam as borboletas, lagartas e ovos de borboletas e eu tinha o prazer de olhar as folhas e retirar as pragas praticamente todos os dias.

Anos depois, já adulto, eu estava contemplando o maracujá florido e cheio de mamangavas... Eram tantas! Esses insetos se mostravam habilidosos, pairavam no ar e pousavam com precisão…

Algumas mamangavas estavam com as costas todas amarelas de pólen, presenciar isso me trouxe uma sensação de cumplicidade com a natureza: Se envolver com a comida, se lambuzar enquanto cozinha ou aprecia um alimento, faz parte da vida até das mamangavas!

domingo, 27 de junho de 2021

Leite azedo!

                                                                 Desenho: William Paraizo


O leite azedou. Que bom! Você pode se perguntar: Como assim? Para entender é preciso conhecer a minha história com o leite.

Pela manhã um senhor com uma carroça deixava uma garrafa de vidro com leite e pegava a garrafa vazia, vazia não, com água normalmente pela metade para ficar mais pesada, deixada em cima do muro ou do relógio medidor de energia. Se acontecesse de não estarmos em casa era só avisar um vizinho para guardar o leite.

Lavar a garrafa sempre foi o mais divertido: vidro é muito bom para guardar alimentos, mas o leite com o tempo vai manchando a garrafa e cada família tinha a sua receita para lavar a garrafa, alguns usavam feijão ou arroz misturados com água que era chacoalhado até sumirem as manchas. Eu tinha maneira especial de fazer isso e com muita satisfação deixava a garrafa brilhante.

Ferver o leite era a diversão, era comum me gabar: Eu não deixo o leite transbordar! Quando o leite fervido esfria a nata sobe, e quem fervia o leite também se incumbia de guardar essa nata em um pote e colocá-la no congelador, as geladeiras ainda não tinham freezer, quando se juntava uma boa quantidade já tínhamos o ingrediente principal para bolachinhas de nata.

Estava lá olhando o leite ferver para desligar na hora certa e algo deu errado – o leite azedou. No verão o leite azeda facilmente, era demorar um pouco mais para ferver… Isso nunca foi triste: colocava açúcar no canecão e com uma colher de pau ia mexendo e fazia um doce que durante anos em minha vida chamei de doce de leite azedo, hoje descobri que esse doce é chique e tem um um nome ainda mais elegante – ambrosia.